O mínimo que você saber para aplicar Visual Law

Tema em ascensão no meio jurídico, Visual Law desperta bastante curiosidade e também certo ceticismo por parte de advogados e outros operadores do direito. Sendo o Direito uma área que traz em si tradicionalmente características de formalidade e até certa rigidez, é esperado que certos setores torçam o nariz para alguns avanços, principalmente quando se fala em elementos visuais e estéticos. Mas Visual Law, ou Direito Visual (eu sinceramente prefiro o termo em português) é muito mais que um upgrade estético nos documentos do seu escritório.
É uma inovação estética?
Sim, estamos falando de uma inovação estética, e portanto incremental. Ao adotar elementos visuais que melhorem a estética de seus documentos, você transmite ao leitor uma mensagem distinta da tradicional: ele incorpora a análise dos fatos e do direito a mensagem de um profissional que faz mais que o mínimo, que se importa com a imagem de seu escritório, e também faz um esforço maior para que sua mensagem chegue ao interlocutor de forma mais clara e convincente. Um documento bonito e bem organizado transmite o compromisso que você tem com seu cliente, com seu negócio e com o interlocutor.
Um exemplo disso é a elaboração de um Manual do Cliente, documento que é entregue após o fechamento do contrato, que conta no verso com uma lista de coisas a serem enviadas e o prazo limite para a entrega.

É uma inovação social?
A preocupação e o cuidado ao construir o discurso em um documento vai além da estética, é a entrega da informação clara e com o mínimo de ruídos que se busca. Um contrato de serviços com Direito Visual informa os direitos e deveres de seu cliente sem cair no "juridiquês" hermético e elitista. O seu cliente, por menos instrução que tenha, deve conseguir compreender as cláusulas, portanto além da lei, ícones, cores, números e gráficos vão facilitar a entrega da informação. Fazer do Direito uma instância mais acessível é democratizar o acesso à justiça, e portanto transformar as relações entre cidadãos e o judiciário, logo, o Direito Visual pode sim ser considerado uma inovação social.
É um ferramenta de estratégia jurídica?
A comunicação dos fatos dentro de uma petição objetiva convencer o juiz a decidir sobre determinado assunto, logo a construção e disposição dos elementos em uma petição tradicional já tem como fim uma decisão favorável ao seu cliente. Se o discurso deve ser persuasivo, o layout e os elementos visuais podem ser construídos de acordo com estudos de psicologia cognitiva para o convencimento do leitor. Não basta apenas dizer que é possível o furto de cargas de um container sem que se viole o lacre, deve se mostrar como isso é possível de ser executado com vídeos. Esse caso específico aconteceu com um cliente de nosso escritório, e os vídeos foram upados e não listados no Youtube, e depois o link e o QR Code foram inseridos na réplica de forma estratégica. O objetivo era fazer com que a seguradora indenizasse nosso cliente.

Em síntese...
Eu não entendo Visual Law, ou Direito Visual, como uma tendência passageira, ou modismo como alguns afirmam. A meu ver é um movimento legítimo de evolução do campo jurídico, muito influenciado pelas redes sociais e pelo marketing de conteúdo, mas que tem muito a oferecer e a transformar nas relações entre advogados, clientes e judiciário. Este último, inclusive, vem sendo protagonista em alguns projetos de Visual Law e Legal Design, contrariando aquela visão de que o poder público resta imóvel e não converge para a inovação. Porém fique ligado! Direito Visual não é só para enfeitar petição ou aprender a usar um software de edição de imagens, mas sim para mudar sua percepção sobre a construção do discurso na peça com vistas ao convencimento, persuasão, inclusão e acessibilidade. É uma questão muito mais ampla e que deve ser adotada estrategicamente em sua atuação como profissional do direito.